domingo, 21 de novembro de 2010

A História das HQs

Elisvaldo Soares Viana
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras diárias. A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. Mas, apesar do país contar com grandes artistas durante a história, a influência estrangeira sempre foi muito grande nessa área, com o mercado editoral dominado pelas
publicações de quadrinhos americanos, europeus e japoneses. Atualmente, o estilo comics dos super-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). Artistas brasileiros têm trabalhado com ambos os estilos. No caso dos comics alguns já conquistaram fama internacional (como Roger Cruz que desenhou X-Men e Mike Deodato que desenhou Thor, Mulher Maravilha e outros).
A única vertente dos quadrinhos da qual se pode dizer que desenvolveu-se um conjunto de características profundamente nacional é a tira. Apesar de não ser originária do Brasil, no país ela desenvolveu características diferenciadas. Sob a influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 1960 e mais tarde de grandes nomes dos quadrinhos underground nos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do que a americana.

Primeiros quadrinhos

Os quadrinhos no Brasil possuem uma longa história, que remonta ao século XIX, com o trabalho pioneiro de Angelo Agostini que criou uma tradição de introduzir desenhos com temas de sátira política e social (as conhecidas charges) nas publicações jornalísticas e populares brasileiras.
Entre seus personagens populares estavam o "Zé Caipora" e Nhô-Quin" (1869). Em 1905 surgiu a revista O Tico Tico, considerada a primeira revista de quadrinhos do Brasil, com trabalho de artistas nacionais como J. Carlos. A partir dos anos 1930, houve uma retomada dos quadrinhos nacionais, com os artistas brasileiros trabalhando sob a influência estrangeira, como a produção de tiras diárias de super-heróis (com a publicação do Garra Cinzenta em 1937 no suplemento A Gazetinha) e de terror, a partir da década de 1940, com os jornais investindo nos chamados "suplementos juvenis", ideia trazida da imprensa americana (que lançou as sessões de tiras dominicais) por Adolfo Aizen.
Em 1939 foi lançada a revista O Gibi, nome que se tornaria sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil.
Continuando com a tradição dos cartuns e charges, se destacaria o cartunista Belmonte, criador do Juca Pato. Em 1942 surgiu o Amigo da Onça, célebre personagem que aparecia na revista jornalística O Cruzeiro.
No início dos anos 1950, novos quadrinistas brasileiros que iam aparecendo não conseguiram trabalhar com personagens próprios em função da resistência dos editores. Álvaro de Moya produziu capas de o Pato Donald para a Editora Abril.
Em 1952, a Editora Abril adotou o formatinho, formato que gradualmente se tornou padrão em publicações brasileiras de histórias em quadrinhos.
Há ainda o trabalho de Gutemberg Monteiro, que foi trabalhar no mercado americano, desenhando com muito sucesso os quadrinhos de Tom & Jerry. A EBAL, empenhada em demonstrar o potencial educacional dos quadrinhos (que nessa época estavam sob críticas moralistas, principalmente nos Estados Unidos), contratou alguns artistas para desenhar matéria cultural, como adaptação de livros e de episódios da história do Brasil. No gênero do faroeste apareceu a revista do Jerônimo, publicada pela RGE em 1957, desenhada por Edmundo Rodrigues baseada em uma novela de rádio. Nos anos 1950 surgiram também os primeiros trabalhos independentes de Carlos Zéfiro, autor dos catecismos (quadrinhos eróticos). Foi no formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica no fim de 1959. Só mais tarde, em 1970, suas histórias passaram a ser publicadas em revistas: primeiro pela Editora Abril, depois em (1987) pela Editora Globo e a partir de 2007 pela Editora Panini, recentemente foi lançado Turma da Mônica Jovem versão adolescente da Turma em estilo mangá.

Charges, tirinhas, cartuns e histórias em quadrinhos

Charge - caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco.
Um legenda, de caráter extremamente crítico retratando de forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-a-dia de uma sociedade.
A atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas historicamente o
termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo limite máximo de quadros –
tendo, claro, o mínimo de dois.
A predominantemente conhecida nos Estados Unidos, é o formato comumente usado para a publicação de histórias do gênero, desde séries românticas aos populares super-heróis.
Cores
As cores são elementos importantes na comunicação visual e, portanto, nas HQs. Nos quadrinhos, grande parte das informações é transmitida pelo uso de cores. A cor é um elemento que compõe a linguagem dos quadrinhos; mesmo nas histórias em preto-e-branco, não se trata apenas de um recurso estilístico. Os desenhistas americanos perceberam isso passaram a não restringir o uso de cores apenas ao cenário. Elas assumiram a capacidade de simbolizar determinados elementos, principalmente nos quadrinhos norte-americanos de massa, passando a simbolizar personagens na mente do leitor. O Incrível Hulk é verde. O Lanterna Verde também. O Capitão América tem o uniforme com as cores da bandeira norte-americana. Os Smurfs são conhecidos por serem todos azuis. Maurício de Souza também utilizou as cores para criar as identidades de seus personagens. Uma menina forte como a Mônica só poderia usar um vestido vermelho; que menino travesso não desejaria dar um nó nas orelhas de um objeto tão particular quanto um coelho de pelúcia azul? O conhecimento das sensações e reações provocadas pelas cores é um importante instrumento de comunicação que tem sido usado nas HQs. Sabemos que o rosa, por exemplo, é uma cor feminina e juvenil, assim como o violeta. O vermelho evoca força, energia e está associado à vida, por ser a cor do sangue. Também se usa o vermelho para caracterizar situações de perigo, assim como nos sinais de trânsito. Quadrinhos com cores frias seguidos de quadrinhos com cores quentes podem significar a passagem da tristeza para a alegria ou da doença para a saúde, por exemplo. As estações do ano e os fenômenos climáticos também são representados por cores. O fundo preto é muito usado para representar a imaginação das crianças, um espaço onde tudo pode acontecer.

Balões
Os balões são recursos gráficos utilizados para tornar sons e falas visíveis na literatura. O balão seria o recurso gráfico representativo da fala ou do pensamento, que procura indicar um pensamento, um monólogo ou um diálogo. O quadrinho necessita do balão para a visualização das
palavras ditas pelas personagens. Diferentemente da literatura, mesmo a ilustrada, os quadrinhos não precisam indicar ao leitor a qual personagem corresponde aquela fala ou pensamento, pois os
balões indicam por meio do apêndice.
O formato dos balões pode variar de acordo com as intenções do autor. O balão de fala tem um contorno forte, nítido; o balão de pensamento tem outra forma. Ele é irregular, ondulado ou quebrado e o apêndice tem o formato de pequenos círculos. Pensar é algo bem diferente de falar em voz alta, ainda que seja um monólogo, por isso existe essa distinção entre os balões. O contorno do balão pode ser tremido, indicando medo ou emoção forte, pode ser recortado, o que indica explosão verbal ou raiva, ou mesmo pontiagudo, fazendo o leitor perceber que o som está sendo emitido por uma máquina. Também podem ser usados alguns contornos metafóricos, como estalactites (que indicam frieza na resposta) ou pequenas flores (que indicam o oposto). Outra característica dos balões é ajudar a mostrar ao leitor a ordem de leitura e a passagem do tempo. Uma exigência fundamental é que sejam lidos numa sequência determinada, para que se saiba quem fala primeiro.
Uma boa atitude é incentivar seus alunos a descobrir vários tipos de balões e a criar os seus próprios.

Lapso de tempo
O lapso de tempo é o espaço que liga o quadro anterior ao posterior. Deve ser completado pela imaginação do leitor, fazendo com que a história tenha sequência. Para entender o quadrinho, é preciso entender o que aconteceu antes e o que acontecerá depois. Isoladamente, um quadrinho que faz parte de uma história é difícil de entender, mas duas imagens constituem uma narrativa, desde que sejam colocadas em sucessão ou que o leitor as entenda assim. Nas histórias em quadrinhos, o leitor constrói e confirma a narrativa que faz sentido na história. O lapso de tempo aceitável está no meio de duas imagens que representam continuidade. As transições são possíveis porque o leitor está acostumado a ler o corpo do texto como narrativa. O leitor procura, então, juntar os quadros para formar linearidade. Esta busca para “fechar” a narrativa, ou para “completá-la” estimula a criatividade e faz das HQs importantes instrumentos para a formação de leitores.

Metáforas Visuais
As metáforas visuais são usadas pelos autores para transmitir situações da história por meio de imagens, sem utilização do texto verbal. Quando o personagem está nervoso, sai fumaça da cabeça dele. Quando alguém está correndo muito rápido, aparecem vários traços paralelos e uma nuvenzinha para demonstrar seu deslocamento. Cédulas e moedas indicam que a pessoa está pensando em dinheiro, assim como corações indicam amor. Incentive seus alunos a criar metáforas visuais. Por exemplo, como seria a metáfora visual para alguém triste?

Referências
http://www.divertudo.com.br/quadrinhos/quadrinhos-txt.html
http://www.divertudo.com.br/quadrinhos/quadrinhos.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_em_quadrinhos_no_Brasil
de 2010.
CARVALHO, Juliana. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula. Texto disponível em
. Acessado em 26 de julho
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html
Vergueiro, Waldomiro & RAMA, Angela.
aula.
Matinhos – PR, 2010
. Acessado em 26 de julho de 2010.Como usar as histórias em quadrinhos na sala deEditora Contexto, 2004.
é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de umacartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não detirinha, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O termo é revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou comic book.

História em quadrinhos no Brasil